quarta-feira, 19 de novembro de 2008

When the sun goes down


Ela queria dizer que aprendeu, que superou e que tudo o que aconteceu a tornou mais madura. Mas seria hipocrisia demais, seia uma grande mentira. Não doi mais; apenas lembranças estranhas de dias estranhos passados ao lado de uma pessoa desconhecida. Porque era essa a sensação que ela tinha ao final de tudo: que ele ainda era o desconhecido, o cara que chega, vai e nem ao menos se dá ao trabalho de enxugar a louça suja e arrumar a bagunça que deixou pra trás.

Sim, ela também tinha uma parcela de culpa em tudo: não tinha sido ela própria quem deixara claro que não abdicaria da vida, da sua rotina, por ele? Ela tentou ser forte da maneira errada, tentou esquecer disso depois, mas o gosto da culpa ainda salgava seus lábios.

Era uma paixão daquelas arrebatadoras o que ele queria viver; ela só queria uma companhia.

Seu maior erro? Ter acreditado que seria mais fácil com alguém ao seu lado pra dividir o peso de tudo. Ela acreditou desde a primeira vez que o viu que seria para sempre - porque com ele não precisaria tirar nada da sua vida; tudo seria uma eterna soma. Só que ele não estava disposto a ser mais para ela.

Não que dê pra esquecer assim tudo o que aconteceu; essas coisas não são tão fáceis de se apagar da memória. Mas ela tenta, dia após dia, pensar que tudo foi por um motivo maior e que em alguma hora - seja lá quando - sua cabeça vai poder descansar sob o travesseiro sem que ela sinta o vazio aterrador de alguém que já não passa de passado.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Censura

Esperei, saturei, me calei diante dos fatos. Acostumei-me com as coisas ao meu redor ao ponto de não mais conseguir distinguir o interior do exterior.
Explodi em mil pedaços os pensamentos esféricos e rodopiantes; deixei que tudo fosse com o vento e felicitei-me pela sensação de liberdade.
Os restos nunca me consolaram.