segunda-feira, 30 de junho de 2008

Abstinência

O silêncio. O pensar daquilo que não tem mais valor. Sob diferentes lentes eu venho até ti, sob diferentes formas tu me renegas. O que queres de mim, afinal? O que pensas que pode conseguir com este sorriso?

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Sim, sangra em meu interior. Muito mais do que a dor de um ferimento, o que me dói é o orgulho. Desabou dentro de mim aquela serenidade pela qual me conheceste. Tudo não passava de um falso relicário de idéias mortas.

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Já paraste para pensar que eles são como nós? Que eles não querem estar aqui tanto quanto nós? Sim, estamos de lados diferentes, mas seguimos a mesma crença hipócrita e otimista: que tudo dará certo. Eles são heróis como nós...
E, oh! No último suspiro daquele capacete inimigo, foram meus próprios sonhos que eu vi refletidos naqueles olhos vazios.

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Consagraste aquelas palavras apenas para mim. Tolices! Meus ouvidos não querem escutar de você nem as mais belas poesias.

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Partimos. Cada um para um lado, cada um com seu caminho.
Partimos. Nossos ideais, nossas crenças, nossos quereres.
Sim, nós partimos pra que pudéssemos recomeçar. Cada um com seu próprio destino.

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Ninguém ouviu o som das minhas lágrimas. Ninguém se preocupou em saber se era mesmo felicidade o que exalava de meu riso.
Desesperador o fato de como todos falharam comigo.

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Ah, a hipocrisia...! Beberei de tuas gotas acres e sentirei que nada mais importa. Tudo não passou de vã filosofia...
A vida sempre foi um engodo.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Poesia estática

O teu silêncio me incomoda. As palavras que você não diz, as vontades que você não se esforça em me mostrar. A tua falta de palavras é mais carregada de significados do que qualquer coisa que você possa me dizer.
E tudo sempre me pareceu confuso e irreal quando meus olhos batiam nos teus; duas bolas de tons que até hoje eu não consigo descrever. Verde, havana, azul...
Não importa muito agora. Só lembro que quando eu via essas cores, era o silêncio que me rodeava.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Movido a desperdício

Eu chorei ontem. Daquele jeito meio desesperado e cansado de quem não encontra uma saída.A cabeça pesa. Parece carregar o mundo no espaço entre as orelhas... Quem sabe realmente não carregue? Figuradamente, sua cabeça é seu próprio mundo.As roupas dobradas sobre a cama. Era assim que lembrava-se de tudo. Agora não havia nenhuma roupa e ninguém mais ocuparia aquela cama.Ensaiei por tempo demais o que dizer. Discuti mentalmente com todos, sem perceber que a única que saía agredida neste combate era eu mesma.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Momento revolta.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Amor em tempo

Têm cozido o teu cérebro com aquelas imagens vagas que eles dizem ser sobre amor.
Têm colocado na tua cabeça que amar é dar presentes, que tudo é possível com um MasterCard. O Real estampando o teu vestido novo, o brilho das moedas ofuscando o dos teus olhos.
E eles colocam rótulos. Amor selvagem, amor pueril, amor sacana. E os corpos nus se tornam a marca daquilo que não pode ser palpável. Mas os rótulos continuam a rolar, como se os corações fossem potes de geléia, assinados num canto, em letras minúsculas "Coma sem moderação".
O que entendem por amor? O que pensam sobre nós?

Disseram-me que palavras não curam, e que uma presença não pode resgatar felicidade. Apontaram para mim enquanto riam dos meus delírios; riram da minha fé cega diante dos fatos. Pensaram, todos eles, que estavam apontando erros, barganhando minha face corada. Pensaram eles, que eu corava por vergonha, sem perceber que era num estado de torpor efusivo que eu me encontrava.
Suspirei e me penalizei daquelas pobres almas que nada entendiam sobre o sentido de amar.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Valete de ouro

Eu descobri que gosto do vermelho que você usa tão insistentemente. E do seu sorriso. E do seu olhar.
Ainda te acho parecida com alguém que eu deveria conhecer. Ainda acho que te conheço de algum lugar, e que nosso encontro foi, na verdade, um reencontro. Ainda espero te ver entre as paredes de pedras nuas enquanto ando sem destino por aí. Não sei se você percebeu, mas tenho feito as mesmas coisas de sempre por medo de que algo novo te mande pra longe.
Não sei o quanto você percebe de mim. Talvez tudo, talvez nada. Talvez bem mais do que eu possa imaginar. Mas eu ainda tento pegar todas as cores que você mais gosta e misturar numa só palavra.
Até agora as tentativas têm sido falhas, mas eu prometo que uma hora eu consigo. Daí, seremos a síntese perfeita. Eu e você.



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Da coleção de drabbles Me, mi, comigo.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

1989



O céu estava daquele jeito que você mais gostava, com nuvens grandes e fofinhas, manchadas de púrpura. Era um belo nascer do sol, apesar do frio que impregnava em meus ossos. E o vento ainda guardava aquele hálito demoníaco da noite, o cheiro de orvalho era o mais breve dos perfumes.

E seus olhos contaram. Que você amaria pro resto da sua vida os dias como aquele. Que sua cor preferida sempre seria púrpura. Que, apesar de tudo o que estava acontecendo, você era feliz. Ao meu lado.

Seus olhos contavam tanto, que eu tinha medo de acabar deixando algum detalhe importante passar. Eu sabia que nunca conseguiria captar todos os nuances dos teus orbes, e sabia que um dia você lembraria daquele instante em que dividimos bem mais do que sonhos.

Tento dizer que acordo mais cedo por hábito, mas a verdade é que sinto saudade. E mesmo que todos os sóis do universo despontando no horizonte não possam trazer você de volta, eu continuo a espionar pela mesma janela todas as manhãs.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Sábio Orkut

Sorte de hoje: Só prometa o que pode cumprir

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Por hoje

Meu maior medo não é a morte. Ao contrário de muitos, ela não me assusta. Talvez porque minhas crenças me aliviem, talvez porque eu nunca tenha sentido suas mãos geladas perto de mim. Não sei.
O que realmente acabaria comigo seria a frustração. Ver tudo o que planejei desmoronando, tudo o que lutei pra conseguir evaporando. Não sou uma boa perdedora.
E sempre falei que sou uma fraca...Ninguém muda por outra pessoa. Você pode mudar por seu amor à outra pessoa, mas não porque este ou aquele quer que você seja diferente.
Não sei se há uma chance de consertar o que nasce com defeito... É estranho como passamos a depender das coisas mais estranhas pra haver um pouco de euforia na vida. Particularmente, nunca pensei que deixar a minha cama pra ficar numa cadeira fria me encheria de um prazer mórbido e familiar.O acaso não dá trégua. E nem pistas.
A minha sombrinha verde é bonita, não é? Sei que você achou infantil, mas mesmo assim jurou que não tinha uma que ficasse melhor pra mim. Uma pena que não te vi naquela tarde cinzenta. Seria interessante viver uma cena que era freqüente um ano atrás.Eu prometo demais. E não cumpro quase nada.
Existe um remédio pra esse mal?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Te, ti, contigo


Ah, sim. Eu parei de pensar a respeito disso tudo. Cansei. Parece que se eu deixar de pensar, simplesmente as coisas deixam de acontecer. Estranho, não é?
E eu vi teu rosto hoje; pelo menos parte dele, escondido pela janela. Sim, eu sei que era teu rosto, porque teus traços são inconfundíveis pra mim. E era exatamente igual a todos os outros dias que eu te vi.
Enquanto eu andava por aquela rua que você gosta tanto, me peguei pensando como seria bom te encontrar por ali, por puro acaso. E mesmo sem perceber, venho fazendo isso esse tempo todo, desde que descobri o quanto um acaso pode ser bom.
Não consigo mais esperar o tempo passar sem pensar que você pode estar ali naquele prédio, esperando que eu me vá. Não consigo deixar de te imaginar olhando aquela fotografia meio feinha que você me pediu. Não consigo parar de planejar muitas formas de te encontrar em algum lugar que não seja aqui nem ali. E eu consigo escutar a sua voz até mesmo quando não preciso mais saber como você está.
E se eu simplesmente desaparecesse? Será que você sentiria? E você pensou em mim durante aqueles três meses em que não me viu? Eu não tinha percebido que você passava pelos mesmos corredores que eu só pra poder me dar oi. Eu não tinha reparado muito em você pra ser sincera. Talvez o seu nome incomum, ou o seu jeitinho de menino. Mas não em você como um todo.
Mas você reparou em mim desde o primeiro dia. Naquele em que eu fui idiota o suficiente pra fazer todo mundo rir. Inclusive você, que sempre me pareceu tão sério. Foi naquele instante em que você sentiu algo por mim?
Eu espero que não. Verdadeiramente falando.
Hoje a gente divide conversas estranhas em lugares estranhos. Somos cúmplices, eu diria, de algo perfeito.
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Da coleção de drabbles Me, mi, comigo