quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Momentâneo

Silêncio.
O pulsar do coração não se extingüe em um minuto.
Momento meu.
Momento seu.
Momento nosso?
O ar exala nostalgia e desejo.
Palavras se calam, pensamentos sem conexão.
Só o agora ficou.
E é tudo o que importa.


segunda-feira, 26 de novembro de 2007

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Velha História - Mário Quintana

"Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenininho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no quente. E desde então, ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelo café. Como era tocante vê-los no "17"! o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a xícara de fumegante moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho especial... Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao peixinho: "Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!..." Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n’água. E a água fez redemoinho, que foi depois serenando, serenando... até que o peixinho morreu afogado..."
(Quintana, 1976, p. 105)

http://www.entrelinhas.unisinos.br/index.php?e=6&s=9&a=42



Não sei bem como cheguei até este site. Acho que fui clicando, clicando e clicando naqueles links que geralmente ninguém percebe e encontrei um artigo interessante.
Adivinhem sobre o quê. Surrealismo na poesia de Quintana. Engraçado as coisas que avistamos nas esquinas da vida.
Mas, seja por destino ou qualquer coisa do gênero, li o artigo e achei interessantíssimo este poema em prosa que era analisado. Uma coisa meio lúdica, meio destoada, meio maravilhosa. Acho que isto entra na Lista de Coisas Que Lerei Para Meus Futuros Filhos.
Ou pro gato de estimação, se ele gostar de algo mais contemporâneo do que Nietzsche.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Câncer


- Não são os remédios periódicos, as doses venais, a perspectiva da morte ou o reflexo pálido e esquelético que me mira no espelho. Sabe o que mais apavora? É o olhar de pena das pessoas quando vêem minha cabeça sem cabelos. Aquele olhar é o verdadeiro câncer.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Tardes reencontradas



As maiores coincidências sempre acontecem no ônibus. Dia pintado de delírio, cheiro de nostalgia espalhado no ar.

Olho bate no olho; os corações num só pulsar.

Pálpebras caídas, sorrisos largos. Demorados. Porque o Tempo não precisa mais passar.

Na verdade não há uma verdade. Há milhares, milhões. Todas elas verdadeiras.

Assim os dias poderiam ficar presos nas folhinhas do calendário. Escute: só o silêncio. Não existe o tic-tac incontrolável do relógio por aqui.

Só o amarelo. Apenas os lábios esticados. E os olhos cerrados.

Acho que encontrei o paraíso...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Em Série - Rosana Almendares

Uma surpresa quando cheguei na FSG ontem à noite, com a minha pasta de desenho e a minha tão peculiar cara de sono: a notícia de que faríamos uma visitação.
Juntei-me ao sonoro ahhhh pronunciado pela turma e fiz uma expressão de descrença acompanhada do olhar de um colega quando a professora fez a polêmica afirmação de que gostaríamos muito mais desta exposição do que da Bienal.

Como não visitei a Bienal, apenas sorri.

Mas a professora estava certa em um ponto: o trabalho da Rosana Almendares é realmente magnífico. A primeira impressão é a de que é tudo muito louco: colherinhas de plástico, imagens em preto e branco, pequenos quadrinhos, mídia com cenas de colherinhas passando numa seqüência que lembra efeitos implícitos. Mas sem dúvida, com um olhar mais atento, eu acabei me deliciando com as linhas da forma daquelas colheres e com o jeito tão delicado que a artista escolheu para fazer uma crítica social.
Porque sim, vejam todos, o trabalho tem o cunho de resultado de uma pesquisa denominada Descartável, onde a artista concluiu sobre a vida útil de certos produtos.
Um adendo sobre tudo isto - Rosana Almendares estava lá o tempo todo, tirando dúvidas sobre o seu trabalho, discursando sobre o processo de criação e até mesmo batendo um papinho agradável com quem tivesse a cara-de-pau de se aproximar. Um amor de pessoa esta mulher, diga-se de passagem.

Assim que eu tiver posse das fotos, eu posto algumas aqui. Enquanto isso, vale à pena dar uma olhada no site da artista:



"(...) Esse trabalho dos “Em Série” pretende, de certa forma, chamar a atenção para situações absolutamente habituais no nosso cotidiano e que, por essa mesma habitualidade, podem se tornar imperceptíveis. Perceber pode ser o início da diferença.
Rosana Almendares

2007"

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Aderindo

E não é que em minhas andanças pelos blogs alheios encontrei o tal de Meme 161?
Não está entendendo nada? Bem, eu explico: é uma brincadeira que consiste em algumas etapas:

1- procurar um livro próximo (o primeiro que aparecer, não vale procurar um livro);
2 - abri-lo na página 161;
3 - procurar a quinta frase completa;
4 - postá-la no seu blog;
5- não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6- repassar a outros cinco blogs.

Mas a questão é que eu gostei de todo este acaso, e já comecei isto aqui no blog. Pulei a última etapa, que não me interessa muito, e criei uma coluninha toda meiga ali do lado contendo a tal frase nada especial. ^^
Porque todos sabem o quanto eu gosto de eventualidades...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Forever in debt to your priceless advice

Sagradas são as bocas que falam as coisas certas quando você mais precisa de uma ajuda...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Páginas Corroídas

Ela deixou a cabeça bater com pouca força sobre a mesa. Ele pegou uma mecha daqueles cabelos compridos que se estenderam sobre os livros e lápis repousados sobre o tampo, enquanto deixava um riso correr solto por seus lábios.
Ela fez uma careta de dor e seu olhar caiu sobre os dois orbes cor de céu noturno. E descobriu, naquele instante, que amaria a noite para sempre. Que olharia para o céu e desejaria, platonicamente, ver o dono daqueles olhos mais algumas vezes.
Afinal, o que podia fazer?
Ela estava apaixonada. E ele era um comunista.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Estado OFF



Véspera de feriado é assim mesmo...