quarta-feira, 30 de abril de 2008

Sons


Sim, eu ouvi as palavras do vento. Sussurradas numa língua que nunca consegui entender, me pareceram frias demais.

Sim, eu ouvi as palavras vindas da terra. Rugidas com lentidão, me pareceram rígidas demais.

Sim, eu ouvi as palavras dançantes do fogo. Gritadas num tom áspero, me pareceram impiedosas demais.

Sim, eu ouvi as palavras melancólicas da água. Suspiradas num ritmo contínuo, me pareceram tristes demais.

Sim, eu ouvi as palavras das pessoas. Que confusão! Suas vozes se misturavam, se perdiam, se destoavam. O barulho delas sempre me pareceu blasfemo demais.

Mas, perceba! Agora não há mais sons. Não há nada. Ouvi, então, o silêncio do meu coração.
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Imagem: Ancient Sound, Abstract on Black - Paul Klee

terça-feira, 29 de abril de 2008

Desentendimentos

Eu te disse que não restaria nada. Nem um sorriso, nem uma palavra, nem um olhar.
Eu te avisei que seria perigoso. Pro teu orgulho, pra tua rotina, pro teu coração.
Eu quis gostar de você. Bem mais do que você agüentaria, mais do que valeria, mais do que eu podia.
Eu quis achar um jeito de não deixar você ir. Pra outro lugar, com outros amigos, pra longe de mim.
Só que eu nunca fiz nada que deixasse claro que merecia seu amor.

É. Desta vez eu perdi, baby.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Indagação III

Quantas promessas eu já não precisei quebrar só pra te fazer feliz?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Antes de morrer eu tenho que...

> Voar num balão.
Ahhh... Deve ser um máximo, vai...

> Escrever uma carta de 3 metros de comprimento.
Não interessa pra quem. Um dia eu escrevo...

> Participar de algum grupo ativista.
Levantar placas de "Salve as baleias" ou coisa parecida.

> Tirar uma foto com o Johnny Depp.
...

> Ter minha própria coleção de roupas e calçados.
Cheios de bonequinhos, bolinhas e listrinhas.

> Ter um gato.
E quero dar um nome bem bizarro, tipo Stálin ou Dorian.

> Plantar uma árvore.
Nada de flores. Uma árvore de verdade. Talvez uma araucária ou um eucalipto.

> Entender alguma coisa de Design e ser reconhecida por isso.
Juntar o útil ao agradável, talvez.

> Escrever um livro.
No melhor estilo livro de fundo de baú...

> Fazer dedicatórias.
Relacionado com o item acima.

> Cozinhar algo que, no mínimo, mais de duas pessoas gostem.
Tirando eu e a minha mãe, é claro.

> Abrir um restaurante exótico.
Yupi!

> Viajar pra Itália.
Morar, talvez.

> Abraçar um coelho.
Era pra ser um panda, mas devido a dificuldade de encontrar um panda disponível, vai um coelho mesmo.

> Ter uma festa surpresa.
E não estragar tudo descobrindo a festa antes da hora.

> Fazer uma coleção de boinas.
É legal colecionar alguma coisa...

> Sair bem numa fotografia.
Nada de parecer uma bêbada.

> Ter minha própria série de desenhos em quadrinho.
Deveria dizer: aprender a desenhar, antes de tudo.

> Rever todos os amigos queridos.
Todos mesmo...

> Fazer um boneco de neve.
Daqueles bem grandões.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

De todos os pecados

Os lábios nunca disseram Porque. Era simples assim, não havia nenhuma explicação plausível. Elas estavam juntas, e era isso que interessava. Os corpos, os desejos. Os pecados. O que elas faziam fechadas naquele quarto não importava a mais ninguém.

A pele marcada, os arranhões, o cheiro animal. Nada disso realmente tinha valor algum, porque não era por isso que elas se encontravam. Casualidade? Talvez. Estava mais para uma necessidade. Necessidade de existência, de abalar valores, de mostrar que elas nadavam contra a maré púdica de máscaras falsas.

Era a necessidade de mentir.

Elas viviam isso a cada instante, a cada olhar, a cada suspiro. E, por todos os dias que elas não se viam, abria uma brecha para as dúvidas, para os rancores. Era quando elas não se viam que realmente nascia a vontade de saber por que. Apenas quando não estavam uma nos braços da outra que os lábios procuravam respostas há muito indesejadas. Era apenas quando elas estavam separadas que nascia o arrependimento por ter acreditado que elas poderiam, algum dia, encontrar a felicidade.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Página em branco

Esqueça quem você é.
Esqueça aquilo que você fez, aquilo que você deseja fazer.
Esqueça.
Deixe que tudo se vá; deixe que tudo se transforme em vazio.
Deixe. Simplesmente assim.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Mesmo erro

Seria sempre assim.
Ele parou. Tocou a pele marcada do namorado. Sentiu um arrepio.
Mais uma vez ele ia. Mais uma vez ele partia.
O sol brilhava no horizonte quando ele sentiu que estava na hora de deixar a pessoa que mais amava para trás.
Estava errado por pensar que nunca daria certo?
Sentiu a dor no peito, sentiu o mundo acabar.
Eram as dúvidas suas maiores inimigas, aquelas que abriam nesgas em seu coração.
E ele sangrava.
Ele parou. Tocou a pele marcada do namorado. Sentiu um arrepio.
Seria sempre assim.

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Pelo infinito...
Fica mais legal se ler de baixo para cima, de novo...
;)

terça-feira, 15 de abril de 2008

Dialogando

- As pessoas costumam se viciar em cada coisa idiota.
- Acho que é por isso que me viciei em você...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Você tem escrito? Está sem tempo, eu sei.
A vida não é muito fácil depois dos 16.
Quanta coisa deixamos para trás? Nossos planos, nossas conversas, nossos delírios e teorias. Bagagem de lembranças está cada vez maior. Apenas lembranças, agora.
Ainda sinto aquele frenesi quando retomamos certos assuntos; até parece que o tempo volta. E quem sabe não volta mesmo? Porque nossas almas se desligam do exterior, nossas percepções são apenas de nós mesmas.
Esses dias eu acabei olhando novamente o que você escreveu na minha agenda. Não chorei. Não desta vez.
Porque não dói mais saber que é preciso mudar. É mais como just do that, entende? Não tem como escapar.
Mas sinto falta. Daquele tempo. Das nossas alucinações. De nós duas conversando. Sinto falta de você.
Acho que nunca vou conseguir parar de recordar...

Saudades.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Errada

Ela nunca pensou que pudesse ser a culpada. Sempre atribuia o pecado ao namorado e a irmã. Mas nunca pensou que os erros também eram dela.
Ela deixou que o namorado fosse dando adeus, silenciosamente, a cada dia que passava. E ela não fez nada pra impedir que eles acabassem se separando. Só que ela não percebeu. Que ele tinha uma nova paixão. Que ela era carta fora do baralho. Que ela estava sendo traída.
Porque era bem mais fácil simplesmente fechar os olhos e deixar que as coisas acontecessem.
Aquela última fotografia que ele tirou dela lhe deixou feliz demais. Um último sorriso pra um último artifício.
Ela não o viu mais.
E a irmã saiu de casa. Grávida. Dele.
Ela nunca pensou que tivesse alguma culpa. Até entender que a negligência também podia ferir.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ilusão

Eu não vivo um amor. Meus amores não vivem; espelham-se naquilo que vejo, naquilo que processo, nos sentimentos que imagino.
Amante das utopias e daquilo que parece não ter valor. Enganos.
Não amo aquilo que idealizo, mas aquilo que sinto. Não consigo me deter a um só detalhe: amo como um todo.
Sou feita para amar idéias, sonhos, projetos.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Espera

Espero algo de você.
Um sorriso, um boa noite cantado, uma troca de olhares.
Espero algo de você.
Que não lhe comprometa, que não me magoe, que não dure para sempre. Porque nada dura.
Eu espero algo de você, algo que venho imaginando e idealizando há tanto tempo, que já não consigo mais lembrar. E você nunca saciou a minha vontade.
E eu continuo esperando algo de você, da mesma forma que você espera algo de mim.
Coisas que ainda não entendemos.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Repita uma mentira até que ela se torne verdade.
Eu te amo.