quinta-feira, 29 de maio de 2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

Bolero e bambolê


Eu queria dizer que não sorri quando vi o que você escreveu pra mim. Você me deixava sem jeito, até mesmo quando tentava provar teu amor. Amor este que eu custei à corresponder. Por medo, talvez. Ou por saber que você era o cara certo, na hora certa. Não decidi qual das duas opções me agrada mais.

Não tinha como disfarçar mais. Era óbvio que você me olhava daquela forma vidrada, com aquele jeito de quem admira alguma coisa que reencontrou depois de muito tempo. Quanto mesmo? Três meses. É. É um bom tempo pra quem está apaixonado. Mas seu jeito era mesmo notável, por assim dizer. E me deixava constrangida, porque toda a vez que meus olhos percorriam a sala, deparavam-se com os seus.

Deprimente a forma como eu me sentia acuada por você. Mas não dava medo; o que eu sentia era satisfação. Por ser a dona dos seus olhares perdidos. Nem me importava com quantas outras garotas você tinha saído no final de semana, porque eu sabia que era em mim que você pensava enquanto beijava os lábios delas.

Prepotência a minha? Não. Você sabe que é verdade.

Passou a ver em qualquer garota meu jeito, sempre se frustrando. E eu assistia a tudo de uma certa distância, com medo que você acabasse entrando na minha vida pra sempre. Uma pena que eu demorei tanto pra perceber que certas coisas são inevitáveis.

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Da coleção de drabbles Me, mi, comigo

terça-feira, 20 de maio de 2008

Der Wolf und das Bier

Você diz a mesma coisa para todas. As mesmas palavras, o mesmo jeito com que franze os lábios. E eu me deleito com a idéia de que você mente pra mim.

Aqueles beijos desenhados em papel manteiga eram tão falsos quanto o plano que você tinha de me colocar em sua vida. Não há nada que possa ser feito para mudar a sua percepção do que é real entre nós. Mas eu acho o fato de você me enganar com o propósito de acreditar no que me diz louvável. Porque as máscaras caem, uma hora ou outra.

Nem toda a cerveja do mundo seria capaz de me iludir. Tuas palavras nunca me enganaram, baby. Eu não serei a Chapeuzinho Vermelho da tua história.

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Da coleção de drabbles Me, mi, comigo

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Stolen season


Você não quer me devolver aquele outono perfeito? Aquele entre sorrisos e olhares estranhos. Exatamente aquele outono que você disse que beberia vinho só pra me fazer feliz. Aquele em que as folhas ficaram amareladas cedo demais. As tonalidades que nós mais gostávamos.

Talvez você queira guardar o pôr-do-sol só pra você. Na lembrança. Você tinha dito que era o mais lindo que já tinha visto. Só porque estava vendo-o refletido nos meus olhos...

Mas não seja egoísta!

Deixe-me experimentar só por mais uns segundos o vento contra minha face; aquele mesmo vento que um dia juntou nossos cabelos no ar. Deixe-me ter aquele vento só por mais alguns instantes antes do frio do inverno.

Devolva-me, se for capaz, aquelas horas que você tirou de mim, aquela estação roubada.
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Da coleção de drabbles Me, mi, comigo.

terça-feira, 13 de maio de 2008

About

Você poderia esperar um milhão de atitudes diferentes de mim, mas sempre vai obter a mesma. Não sou capaz de ser exatamente aquilo que você mais deseja, nem aquilo que mais te encanta. Por isso, pra você, todos os meus gestos vão ser iguais, minhas palavras milimetricamente copiadas. Incomodo-te, não é?

Só que não há uma solução pra isso. Eu sou justamente aquilo que você nunca esperou encontrar na sua vida; sou seu caminho mais difícil, sou seus medos, sua falta de ideais. E não me venha com palavras fracassadas, não me deixe sozinha com seus sonhos frustrados.

Não me canse com seus jeitos banais.

As coisas não são diferentes porque você quer que elas sejam. Sua opinião não importa. Você não importa. E não posso fazer nada pra mudar esta realidade...

Se eu colocar os pingos nos "is", será que você entende de uma vez por todas? Não há uma chance pra você viver aqui sem mim. Não há nada depois que eu passar. Não vai restar nada em você pra contar esta história. E sabe por quê? Porque você nunca pensou que dependeria de mim. E isso te irrita, isso te machuca, isso te deixa exasperado.

Mas eu não quero realmente saber. Só quero que você feche a boca e fique um pouco mais. Apenas escute a minha voz, quieto. Apenas fique do meu lado, que as coisas passarão de uma forma indolor. Pra mim e pra você.

Porque não há liberdade para almas corrompidas como as nossas...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Balloon


Voarei pra longe. Deixarei pra trás toda a angústia que tem movido o meu corpo. Deixarei para trás aquilo que tem machucado o mais precioso em mim: meus sonhos.
Passarei por dentro das nuvens de chuva com um sorriso radiante nos lábios. E as gotas não mais me incomodarão...
Sim, eu sentirei falta. De você e de tudo aquilo que planejamos juntos. Mas eu preciso ir atrás dos meus sonhos, encontrar os meus próprios tesouros e terminar de escrever o livro da minha vida.
Mas eu preciso fazer isso sozinha...
Voarei pra longe!
Tentarei mandar alguma carta quando pousar em algum lugar além da sua imaginação. Mandarei uma carta, com minha letra disforme, só pra garantir que você saiba que eu consegui, a despeito de tudo o que você me dizia, ser livre.
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Nenhuma apologia ao padre voador, please!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

ême-ésse-ênicas

#vou tomar uma dose de tudo aquilo que você mais odeia e prometo jamais pedir o porquê da sua cara assustada#

terça-feira, 6 de maio de 2008

Quem vai dizer Tchau

A voz do Nando Reis não me parece mais tão enjoada. Nem a letra de suas músicas melosas demais.
O rosto dele não me lembra mais algo que eu preciso esquecer. E por isso não machuca.
E quando eu olho meus All Star caídos ao lado da cama, sinto falta. Acho que é engraçado como quebramos promessas, como nossos juramentos sempre acabam sendo supérfulos. E mais engraçado ainda é perceber que o que você dizia ser amor se tornou insuficiente.
E quando as músicas se tornam hinos, há alguma coisa errada. Quando você acaba simplesmente apagando alguma coisa da sua vida, é porque algo não se encaixa.
Mas Nando Reis não me incomoda mais. Nem ele, nem as palavras dele.
Afinal, a gente não percebe aos poucos o amor se perder sem virar carinho. A gente simplesmente deixa.