segunda-feira, 2 de junho de 2008

Te, ti, contigo


Ah, sim. Eu parei de pensar a respeito disso tudo. Cansei. Parece que se eu deixar de pensar, simplesmente as coisas deixam de acontecer. Estranho, não é?
E eu vi teu rosto hoje; pelo menos parte dele, escondido pela janela. Sim, eu sei que era teu rosto, porque teus traços são inconfundíveis pra mim. E era exatamente igual a todos os outros dias que eu te vi.
Enquanto eu andava por aquela rua que você gosta tanto, me peguei pensando como seria bom te encontrar por ali, por puro acaso. E mesmo sem perceber, venho fazendo isso esse tempo todo, desde que descobri o quanto um acaso pode ser bom.
Não consigo mais esperar o tempo passar sem pensar que você pode estar ali naquele prédio, esperando que eu me vá. Não consigo deixar de te imaginar olhando aquela fotografia meio feinha que você me pediu. Não consigo parar de planejar muitas formas de te encontrar em algum lugar que não seja aqui nem ali. E eu consigo escutar a sua voz até mesmo quando não preciso mais saber como você está.
E se eu simplesmente desaparecesse? Será que você sentiria? E você pensou em mim durante aqueles três meses em que não me viu? Eu não tinha percebido que você passava pelos mesmos corredores que eu só pra poder me dar oi. Eu não tinha reparado muito em você pra ser sincera. Talvez o seu nome incomum, ou o seu jeitinho de menino. Mas não em você como um todo.
Mas você reparou em mim desde o primeiro dia. Naquele em que eu fui idiota o suficiente pra fazer todo mundo rir. Inclusive você, que sempre me pareceu tão sério. Foi naquele instante em que você sentiu algo por mim?
Eu espero que não. Verdadeiramente falando.
Hoje a gente divide conversas estranhas em lugares estranhos. Somos cúmplices, eu diria, de algo perfeito.
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Da coleção de drabbles Me, mi, comigo

2 comentários:

*.* Dessa *.* disse...

onde se pode ler mais desta coleção coração?

*.* Dessa *.* disse...

é vc que escreve?