sexta-feira, 9 de abril de 2010

April in Paris

Há naquele desconforto extraordinário a sensação de estar no desconhecido. O cheiro, o gosto, o som – tudo saído de uma aberração irreal que não foi planejada e que está sendo executada sem a sua permissão.

E há um nome. Duas sílabas que escorregam pela sua língua e que preenchem o ar ao seu redor de um jeito opressivo.

Não há um pensamento sequer que não seja o agora; a experiência de estar fora do lugar-comum, da situação-comum, das pessoas-comuns: uma mistura de coisas que não deveriam ser e coisas que você gostaria de ter coragem para fazer.

Mas essas coisas continuam. Ali. Deslocada, é isso que você pensa. Mais uma pessoa fora do contexto.

Mas tem o nome que não quer calar. Tem a presença que não quer se desfazer. Tem a noite que não quer acabar.

E única coisa que você consegue realmente concluir é que é uma estrangeira em seu próprio lugar.

2 comentários:

Noah Black disse...

"Tem a noite que não quer acabar."
e quem já não teve essa sensação, não é mesmo, Sam?! A noite começa e você já quer que acabe, que tudo volte como era antes, que as coisas simplesmente prossigam o velho, bom e seguro caminho. E quanto a sensação de ser estrangeiro no seu ambiente... às vezes é inevitável, especialmente quando a nossa mente quer nos tirar dali por algum motivo desconhecido - ou de tão conhecido chega a nos incomodar profundamente.
E apesar do notório e longo sumiço, cá estou eu sempre a acompanhar seu blog e o que você escreve, seja lá onde estiver.
Prometo dar notícias, só me dê um pouco mais de tempo para entender quais notícias eu devo te passar ;D

saudades também

M. Costa disse...

ora associo a sensação de ser estrangeira com aquela de estar perdida, ora me lembro de outros estrangeiros e aí pertenço.

abraços