segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Licantropia

Eu adorava seu sorriso comum. Acho que o fato de todo o seu rosto parecer sorrir junto, em sincronia com os seus lábios, sempre me afetou de uma forma profunda. Muito mais profunda do que era de se esperar. Prometi pra mim mesmo que deixaria de pensar em você. Mas meus sentimentos com relação à sua pessoa sempre foram muito obsessivos, quase como uma doença. Quando eu me julgava apto a pensar em você como amigo, vinham os seus sorrisos me mostrando o quanto disso era mentira, e que eu estava apenas me enganando. E isso era assustador. Porque, por mais que eu tentasse fugir da sua presença, jamais conseguiria fugir de mim mesmo.
Procurei em muitos rostos a simplicidade do seu, mas sempre me frustrava ao me deparar com tantas máscaras diferentes. Era na sua face marcada de dor e tristezas que eu abandonava os princípios, que eu tentava me afogar. Em cada uma de suas cicatrizes, que eu via como um convite para um toque mais demorado, eu imaginava uma chance de mostrar que existem cortes muito mais profundos e cicatrizes muito mais grosseiras do que as que preenchiam sua face depois de cada transformação.
Você dizia abandonar a razão a cada lua cheia. Pobre de mim, que abandonava a minha a cada vez que meus olhos batiam em você...

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